PRÊMIOS: É assim que eles enganam o seu cérebro

Oi! Seiiti Arata. Se você quer ser uma pessoa com mais inteligência e discernimento, então você precisa fazer um esforço consciente para ignorar prêmios. Para isso, você precisa dar um valor menor aos prêmios que empresas e pessoas recebem, a fama que eles possuem e os títulos que possuem.

Apenas o fato de alguém ter um título de doutorado em uma certa área não significa que você deva acreditar plenamente em tudo o que ela diz apenas por causa deste título. 

Apenas o fato de uma empresa ter sido premiada como a melhor empresa do ano isso não significa que tudo o que ela faz é impecável.

Sabe o que significa quando alguém ganha um prêmio? Significa apenas que essa empresa ou pessoa ganhou um prêmio. Somente isso. 

Parece óbvio, mas muitas vezes nosso cérebro é enganado e pensamos que o prêmio significa algo além do prêmio.

Por exemplo, quando uma atriz ganha o Oscar de melhor atriz, isso significa apenas que ela ganhou o Oscar de melhor atriz naquele ano. Não significa que ela é a melhor atriz do mundo naquele ano.

O único significado deste prêmio é o seguinte: um grupo muito específico de pessoas que vota no Oscar assistiu a um grupo muito específico de filmes e a maioria dessas pessoas escolheu aquela atriz como a que teve a melhor atuação do ano. 

A opinião de todas as outras pessoas que não votaram no Oscar não foi considerada. A atuação de milhares de outras atrizes que não estavam nos filmes assistidos não foi considerada. E pode ser que a atriz que ganhou teve apenas um voto a mais do que a segunda colocada.

Isso sem falar em todo o lobby que existe por trás da escolha. Mesmo em prêmios de renome como o Oscar de vez em quando surgem notícias de votos comprados direta ou indiretamente. Imagine em prêmios menos famosos…

Prêmios são feitos em parte para manipular a nossa inteligência.

O cérebro humano está sempre procurando por atalhos para poder lidar com a sobrecarga de informações. Em vez de nós mesmos fazermos avaliações, um atalho interessante é confiar na avaliação de outras pessoas que dedicaram tempo e esforço nessa avaliação.

Por exemplo, em vez de eu ter que assistir mil filmes a cada ano e então escolher quais foram os melhores, eu posso escolher assistir apenas os filmes ganhadores do Oscar nas categorias que eu mais gosto. Fazendo isso, eu consigo lidar com a grande quantidade de informações ao confiar na opinião de especialistas.

O problema é que a indústria sabe que nossa inteligência é manipulável por prêmios. Por isso, existem prêmios para praticamente tudo. Cada segmento de mercado cria seus próprios prêmios e depois os profissionais e empresas premiados passam a cobrar mais pelos seus serviços.

Sabe quando você vai cheio de expectativa naquela lanchonete que promete um sanduíche “premiado como o melhor hamburger da cidade”, mas sai de lá com uma grande decepção porque o hambúrguer não tinha nada de especial, exceto o preço? Quem foi experimentar por causa da premiação acaba se decepcionando por ter sido vítima desta manipulação.

Talvez o hambúrguer até fosse bom no dia da competição que deu o prêmio, mas hoje em dia piorou e continua com a plaquinha de premiação. Ou talvez o dono seja amigo da turma que deu o prêmio. Ou quem sabe até ele pagou para ganhar aquele prêmio. Nós nunca vamos saber a verdade, então temos que parar de confiar tanto nesses prêmios, já que na prática eles não garantem nada.

Inteligência Arata Academy, por Seiiti Arata

Isso não acontece apenas com bens materiais de consumo. O mercado cultural também é muito apoiado em prêmios que tentam dar uma chancela de qualidade a um filme, a um livro ou a uma música. Aí você vai assistir ao filme que ganhou vários troféus de cinema, Oscar, Leão de Ouro… mas você acha o filme péssimo para o seu gosto pessoal.

No fundo nós sabemos disso, mesmo assim nos deixamos impressionar por premiações. Esse erro custa caro, porque nós acabamos pagando mais caro por algo que ganhou prêmios, mas que não necessariamente é melhor. 

Não importa se estamos falando do prêmio de melhor restaurante da sua cidade, do Oscar ou do Nobel. O único fato isolado de alguém ter recebido um prêmio não significa que você deve idolatrar e confiar totalmente na empresa ou na pessoa premiada. Ela ganhou apenas um prêmio, mas não um certificado de qualidade que endossa e garante tudo o que vem dela. 

Por isso, faça um esforço consciente para não se impressionar por empresas e pessoas que ganham prêmios, especialmente por aquelas que usam o prêmio como cartão de visitas. Em vez disso, aprenda a avaliar por conta própria a qualidade dos produtos e serviços que esses premiados oferecem.

Prêmios exploram o modo rápido de pensar do cérebro para nos fazer tomar decisões com base nas emoções.

Daniel Kahneman estudou a vida toda a relação entre economia e ciência cognitiva para tentar explicar o comportamento aparentemente irracional que nós temos quando tomamos várias decisões.

De um jeito bem resumido, a conclusão é que o nosso cérebro tem dois modos de pensar: um devagar e um rápido. O modo devagar exige atenção e esforço do cérebro, consumindo mais energia. O modo rápido usa atalhos para tomar decisões automáticas e baseadas em padrões que nós já reconhecemos, consumindo menos energia.

Quer ver um exemplo? Quanto é cinco vezes cinco? Seu cérebro já sabe a resposta decorada e usa o modo rápido para responder que é vinte e cinco, antes mesmo de você ter tempo de pensar. No meio da pergunta você já estava dando a resposta.

Agora, e se eu te perguntar quanto é dezessete vezes vinte e quatro? Agora você não tem um padrão reconhecível e precisa usar o modo devagar para com atenção e esforço fazer a conta.

Os prêmios exploram o nosso modo rápido de pensar para nos fazer tomar decisões baseadas mais na emoção do que na razão. As empresas possuem departamentos de marketing que exploram o nosso mecanismo de pensamento rápido para induzir você a tomar uma decisão que não é a melhor. 

Por exemplo, você vai comprar uma manteiga e encontra duas marcas que você nunca experimentou antes. A mais barata tem uma embalagem normal e a mais cara tem uma embalagem com o selo “imperial” e vários emblemas de prêmios recebidos. Mesmo sem conhecer nenhuma das duas, o seu modo rápido de pensar pode concluir que a manteiga mais premiada é melhor. Mesmo que você não faça ideia de que prêmios são aqueles.

Lembre-se do Efeito Halo. O reconhecimento de uma qualidade específica não deve ser transferido para outras áreas do conhecimento.

Vamos aplicar um pouco do que estamos aprendendo aqui? Então… eu te conto que o próprio Daniel Kahneman ganhou o prêmio Nobel de Economia em 2002 por suas teorias sobre os nossos modos de pensar. Uau! E daí? O que isso significa? Isso significa um reconhecimento pelo trabalho que ele desenvolveu nas áreas de psicologia e economia, mas é só isso.

O fato de ele ou qualquer outra pessoa ter um prêmio Nobel não significa que você deve confiar plenamente em tudo o que essa pessoa diz. Alguém ser eleito personalidade do ano, ganhar o prêmio Nobel ou ser eleito funcionário do mês não impede essa pessoa de falar um monte de bobagem sobre outros assuntos ou de se comportar de modo inadequado.

Essa tendência que nós temos de expandir para outras áreas a qualidade específica de uma pessoa ou até de uma empresa já foi muito estudada e tem até nome: Efeito Halo.

Nós falamos um pouco sobre o Efeito Halo no episódio anterior da série Oi! Seiiti Arata. Halo é aquele círculo brilhante ao redor do sol ou da lua, que parece expandir a luz como se fosse uma auréola, igual aquela da cabeça de anjos. Efeito Halo é o termo que os psicólogos usam para definir essa tendência que nós temos de expandir a qualidade de uma pessoa premiada para todas as áreas do conhecimento.

Inteligência Arata Academy, por Seiiti Arata

Pense por exemplo em algum músico que ganhou o Grammy. Esse músico faz muito sucesso e tem o seu trabalho reconhecido. Aí ele começa a ter espaço na mídia e passa a falar publicamente de outras coisas, como política ou saúde. Mesmo que o conhecimento dele sobre esses assuntos seja superficial, muitas pessoas dão ouvidos a ele só porque ele é um artista famoso e premiado. Em vez de prestar atenção em pessoas, é muito melhor aprendermos a prestar atenção na qualidade da ideia que a pessoa está comunicando.

Para não cair nessa armadilha do Efeito Halo e nunca mais ter a sua inteligência manipulada por premiações, você precisa apenas internalizar a ideia de que um prêmio é apenas um prêmio. Ele não significa nada além disso. 

A qualidade de um produto ou serviço e o preço que você deve pagar dependem da sua própria experiência. Você pode detestar algo que foi muito premiado e adorar outra coisa que nunca ganhou um prêmio. O importante é que a decisão seja totalmente sua.

Não importa se estamos falando do prêmio Nobel ou do prêmio de melhor cachorro-quente da sua cidade. O único fato isolado de uma empresa ou uma pessoa ter recebido um prêmio não significa que você deve idolatrar e confiar totalmente nela. 

Tenha o discernimento de entender que um prêmio é apenas um prêmio, e não um certificado de qualidade que endossa e garante tudo o que vem daquele premiado. Para isso, aumente o seu nível de inteligência para avaliar méritos por conta própria e nunca mais se deixar impressionar por quem usa premiações como certificado de qualidade.
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