Não interessa quanto você ganha, mas sim quanto guarda

Vimos a história do The Century of the Self sobre a mudança na cultura de consumo de necessidades para desejos.

Quanto mais sólida for nossa base de entendimento e de auto estima, menor será a chance de sermos tentados a fazer uma compra que é um desejo que não contribui para sua riqueza ao longo prazo.

Thomas Stanley, no livro Stop Acting Rich: And Start Living Like a Real Millionaire (Pare de fingir ser rico e comece a viver como um verdadeiro milionário), aponta como é fácil fingir ser rico do que realmente tornar-se rico. A única coisa que precisamos fazer é comprar artigos de luxo e torrar dinheiro com serviços para a elite e assim temos a sensação de ser ricos.

Obviamente esse tiro sai pela culatra. Thomas Stanley já escreveu outros livros no mesmo tema, incluindo The Millionaire Next Door – nas suas obras, ele aponta dados de sua pesquisa de como os verdadeiros milionários não caem nas armadilhas de consumo excessivo e procuram focalizar sua atenção em investimentos.

Robert Kiyosaki costuma repetir: “Não interessa quanto de dinheiro você ganha. O que interessa é quanto você guarda”.

Nos últimos anos eu viajei por mais de trinta países diferentes e em boa parte deles eu fiquei bastante tempo, inclusive morando em diferentes regiões. Uma coisa que eu gosto de fazer é observar os hábitos de compras de pessoas em diferentes países, em diferentes círculos sociais e diferente sucesso financieiro.

Uma coisa é que é universal é um padrão a respeito de compras realizadas.

Conhece aquelas lojas que vendem os produtos anunciados em televisão? Aquele aparelho mágico que realiza abdominais enquanto você senta na frente da televisão comendo pipoca? Ou um triturador de legumes que nunca é usado? Todo mundo conhece gente que compra coisas no impulso e deixa largado em algum canto, ocupando espaço.

E não precisa ser apenas coisas baratas, esses gastos podem ser em estatuetas de cristal fino que custam uma fortuna, mas que acabam sendo um pouco demais. A casa de uma amiga minha parece uma loja de decoração, pela quantidade exagerada de vasos, quadros, dá até dor de cabeça ao ver tanta informação naquele ambiente.

Outro hábito péssimo é comprar Revista Caras (que é uma coleção de fotografias de fotocas e inutildiades que não possuem aplicação prática, além de roubar nosso tempo) por causa dos “brindes” como coleções de receitas, talheres, CDs e outras coisas que nós nunca compraríamos por conta própria.

Indo um pouco além, um colega certa vez contou como é ser dono de iate. O preço do iate em si já é exorbitante, mas o que pesa demais é a manutenção. E, voltando um pouco para a realidade da maioria das pessoas, essa manutenção existe desde nosso carro até a casa de praia, que são sonhos de consumo mais prováveis para a classe média, para quem o livro A Classe Alta foi escrito.

O que quer indicar é que o mesmo hábito de pobreza na compra de uma geringonça que vemos na televisão é o que nos motiva a comprar bens mais caros que implicam em uma manutenção que é ignorada em um primeiro momento.

Quanto mais “bens” você possui, existe uma maior tendência a ficar aprisionado e perder tempo com a manutenção. É o tempo que se perde procurando um torneiro para a chácara (ou contratar um caseiro em tempo integral, o que dispara problemas de direito trabalhista que você realmente não deseja), em esperar uma peça importada para a sua BMW.

As pessoas ricas sempre compram muito MENOS itens do que poderiam. E as pessoas pobres sempre compram muito MAIS itens do que deveriam. Não interessa o quanto você ganha – interessa o quanto você guarda.