Vale a pena querer ensinar uma lição para quem comete injustiças?

Uma amiga minha foi maltratada por uma empresa de viagens que emitiu sua passagem aérea com erros. Além de não corrigirem rapidamente o bilhete aéreo, tiveram o despeito de mandar ela cair fora da agência, dizendo que eles possuem “ótimos advogados” para enfrentar processos.

Eu também fiquei sem acreditar no que ouvi, e achei isso um absurdo. É duro quando temos o azar de sermos atendidos por um funcionário que não tem profissionalismo, ou uma empresa inteira que trata o consumidor como lixo.

Depois de passada aquela raiva imediata, a dúvida que fica é: vale a pena entrar com um processo para punir essas pessoas? O que ganhamos com isso, e o que perdemos?

Esse é o pensamento do Custo de Oportunidade e que traz muitas vantagens práticas no nosso dia a dia. No meu caso, eu não processaria a empresa, pelo trabalho em organizar todos os documentos necessários para a ação. A compensação financeira seria insignificante perto das horas que eu deixaria de trabalhar.

E aquela satisfação emocional de respirar gostoso vendo o nosso vilão sofrendo? Será que é isso o que desejamos? Vale o preço?

Alguns podem não ser motivados pela vontade de ver a empresa/funcionário pagar pelo transtorno, mas sim por um senso de justiça. Para ver a coisa certa. Para que o funcionário acordasse para a realidade de que não se pode maltratar clientes dessa forma.

E a racionalização que fazemos é que ao processar e fazer um juiz obrigar o funcionário a pagar uma multa, ser demitido ou ser obrigado a pedir desculpas, estamos ENSINANDO essa pessoa a ser alguém melhor no mundo.

Na boa – alguém realmente acredita nisso?

Eu aposto um picolé de limão que o tal funcionário apenas ficará ainda mais cínico e derramará sua amargura de outras maneiras. Ele é um autômato mal programado (“cogs”, como diria o Seth Godin) que não tem a clareza sobre as próprias ações.

Em tempos corridos, em que a gente mal tem tempo para aproveitar momentos de qualidade com quem a gente ama, ficar em cruzadas contra os vilões do mundo é coisa de Dom Quixote. Ao invés de juizado de pequenas causas, melhor dar uma tuitada, contar pros amigos que a empresa tem más práticas de atendimento e bola pra frente. Sem apego pela idéia de querer justiça no mundo. Essa é uma abordagem de Eliminação, que o Tim Ferriss propõe no livro Trabalhe 4 Horas por Semana (link afiliado).