Quando as “técnicas infalíveis” não funcionam

Continuando a série de análise crítica ao livro The 7 Habits of Highly Effective People (Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes) de Stephen Covey (link afiliado), o paradigma pode ser o grande problema a ser enfrentado.

Na primeira parte, Covey dedica um trecho a explicar que a forma como vemos o problema é o verdadeiro problema.

Em primeiro lugar é necessário identificar quando os problemas não serão resolvidos por meras técnicas rápidas (quick-fix) ou da ética da personalidade. Na maioria dos casos, técnicas como essas são simples cosméticos que apenas ocultam problemas maiores e que, quando o problema surge à tona novamente, apresenta gravidade ainda maior.

Esse é o motivo de, no livro A Classe Alta haver uma ênfase aos aspectos psicológicos que prendem pessoas inteligentes em armadilhas da classe média, dificultando a riqueza financeira. Enriquecimento não se trata de encontrar os truques para ficar milionário, mas sim como corrigir a nossa moldura para naturalmente nos colocar no caminho inevitável da riqueza.

Exemplo dado por Covey:
Fiz vários cursos sobre gerenciamento eficaz. Espero muito dos meus funcionários, mas eles não demonstram confiança. Como posso motivá-los e torná-los responsáveis?

Aqui, as técnicas da ética da personalidade vendem a idéia de que existem formas rápidas que podem moldar os empregados, ou então gerenciar a empresa de modo diferente, contratando uma nova geração de funcionários e demitindo os atuais.

Porém o questionamento levantado por Covey é: será que o problema não é mais profundo? Será que o comportamento inadequado deles não tem a ver com os problemas do próprio patrão, que os trata como objetos? Que não sabe ouvir? Como o patrão é visto pelos funcionários?

Mais um exemplo de Covey:
Nunca tenho tempo para nada e estou sempre ocupado. Conheço várias técnicas de administração de tempo mas mesmo assim estou sempre atolado de serviço!

A mudança de paradigma proposta neste caso é a reflexão: será que a solução é realmente otimizar o tempo, e fazer coisas mais rápidas? Ou uma atitude dessas apenas aumentaria ainda mais as tarefas que lhe serão atribuídas? Mais adiante, Covey tratará do terceiro hábito em que este conceito será melhor desenvolvido.

Tendo portando como premissa que uma mudança na forma de encarar os problemas é necessária, Covey propõe um pensamento “de dentro para fora”: antes de mais nada, conhecer a si próprio. Seus paradigmas, personalidade, motivações. Aqui Covey lança um parágrafo muito próximo ao da Lei da Atração (law of attraction) do filme O Segredo (The Secret):

Se quisermos ter um casamento feliz, devemos ser a pessoa que gera energia positiva e se livra das energias negativas. Se queremos ter um filho mais agradável e saudável, é necessário sermos mais compreensivos. Se queremos ter mais liberdade em nosso emprego, é necessário ser mais responsáveis. Portanto, toda mudança começa dentro de nós mesmos, com a decisão, a força do pensamento, o paradigma.

“Seja você a mudança que quer ver no mundo” (Mahatma Gandhi)