Facilitando comunidades: pressão, competição e paixão

Hoje é um excelente dia. Estamos quase encerrando a segunda turma do programa A Classe Alta, já com a confirmação de 107 participantes (do total de 150 vagas abertas).

Nos últimos dias, minha vida ficou uma loucura, pois por enquanto faço todas as atividades da Arata Academy: desenvolvimento de produtos, de website, marketing, processo de venda, pós-venda, respondo perguntas, comentários do blog e Facebook, tuitadas, além das outras atividades profissionais que realizo normalmente entre as 9 até as 18.

Para conseguir dar conta de tudo isso, eu sabia que seria impossível adotar um estilo que não pudesse ganhar escala.

E qualquer projeto que é tocado baseado em pressão ou competição não ganha escala. Tinha que usar paixão.

Explico, fazendo uma breve tradução deste texto do Seth Godin:

Pressão
Existem treinadores que acreditam que a forma de fazer uma turma alcançar sucesso é através de berros, ameaças, medo e pressão.

A idéia maluca por trás desse comportamento neurótico é que quando o coach se afasta, a sua voz continua na cabeça dos membros do time, que continuam agindo em busca de alta performance a partir desse fantasma criado.

O problema é que esta teoria é furada.

A partir do momento que você interrompe a pressão, a motivação (extrínseca) deixa de existir.

Ficar berrando e dar uma de durão pode funcionar para um treinador de time de basquete, durante uma competição importante.

Mas a partir do momento que o treinador não está mais na área, o time deixa de ser vencedor.

Competição

Uma outra forma de motivar o time é através de competições internas.

Coloque as pessoas umas contra as outras, criando uma escassez artificial de promoções e uma política de meritocracia que apenas valoriza os três melhores de sua equipe de centenas de pessoas. Publique as notas de todos os alunos e diga que as melhores oportunidades somente estarão disponíveis para os Top 10.

Pode funcionar, pois isso acaba utilizando elementos do comportamento humano.

O problema é que em todo tipo de competição haverá uma pequena minoria vencedora e uma esmagadora maioria de perdedores.

Alguns desses perdedores até podem ficar indignados e usar esse fogo interno para aumentar sua performance e vencer no próximo round. Mas os outros vão simplesmente desistir, e racionalizar motivos pelos quais aquela competição não tem significado importante para eles.

Modelos de uma era industrial
Tanto o modelo de motivação baseado em pressão como o baseado em competição possuem a escassez em seu centro. Quem assistia o desenho animado Tiny Toon deve se lembrar daquele personagem pedante, o Valentino Troca Tapa, que era um controlador mimado (no rádio, tem também a figura do Doutor Pimpolho que também ilustra bem esse arquétipo).

Valentino Troca Tapa

Corporate Bully: Meu time. Minha fábrica. Minha visão. Minhas regras. Vou manipular a todos e fazer o que for necessário para alcançar o meu objetivo.

A escassez desses modelos é também inspirada pelo medo. Para quem vive nesses modelos de pressão e competição, faz sentido centralizar e ser o comandante e dono do espetáculo.

Paixão
O terceiro método que Seth Godin aponta em seu belíssimo texto é o princípio que eu sempre utilizo em meu trabalho como “Facilitador de Comunidades“, que é um tipo de job title que envolve uso de mídias sociais para manter um grupo unido, satisfeito e produtivo.

Esse método é baseado em paixão.

Forneça uma boa plataforma (ao invés de criar um teto no qual apenas alguns serão dignos o suficiente de fazer parte). Defina expectativas comuns, mas com o objetivo de encorajar (e não manipular).

E, por fim, saia da frente do caminho.

Ajude quando for necessário, mas não fique berrando e ameaçando e ordenando as pessoas para serem ativas.

A maior beleza que pode ser encontrada em qualquer sistema de educação é a motivação interna. É o senso de realização, de felicidade e paixão em fazer algo que é divertido e que tem um significado. Para nós e para a sociedade.

O poder da proatividade nos permite alcançar resultados infinitamente maiores do que aqueles obtidos por pressão ou competição, principalmente quando essa proatividade acontece dentro de um grupo que tem variedade e experiência.

Na primeira turma de A Classe Alta (Sala Andrew Carnegie) somos mais de 150 amigos distribuídos em cidades por todo o Brasil, e também Alemanha, Espanha, Nova Zelândia, Emirados Árabes, Canadá. São engenheiros, designers, estudantes universitários, estudantes de colégio, aposentados, diretores de empresa, donos de negócio próprio.

Eu tenho uma gratidão enorme em ter tanta gente boa ao redor. E estes são apenas nossos primeiros passos, ainda no segundo mês de atividades.